Uma Guerra Estúpida

Igrejas que guerreiam entre si. Este problema incomoda a muitos cristãos sinceros que observam e procuram entender o espírito contencioso entre o povo de Deus. Não dá para esconder as evidentes guerras internas e os conflitos denominacionais. Existem embates que nem sempre são visíveis ou pessoais, mas que se refletem nos discursos, nas ações e nos relacionamentos. Um tipo de guerra fria, cujas armas são a indiferença, o boicote, a má vontade e a difamação.

É bem verdade que quando pensamos em Igreja, imaginamos um grupo de pessoas reunidas a fim de estimular a fé uma das outras, compartilhar experiências e cultivar a reciprocidade. Pensamos em uma assembléia de adoradores, ajuntamento de crentes reunidos para estudar a Bíblia, louvar ao nome de Jesus, proclamar a salvação, desfrutar da comunhão e interceder uns pelos outros. Atribuímos a Igreja o propósito de criar e manter vínculos que visam fortalecer a fé de cada um de seus membros. Lindo, não é verdade? Mas, infelizmente, estamos perdendo esse senso de mutualidade e absorvendo a competitividade do mundo dos negócios. Ao invés da denominação mais próxima ser encarada como parceira, agora é tida como concorrente, rival e até inimiga. E vale tudo para vencer a disputa: seduzir com entretenimento de qualidade; ignorar mágoas e problemas gerados no outro grupo; propor cargos na liderança; esquematizar arranjos sentimentais e até manchar a imagem da suposta oponente.

Congreguei-me em três igrejas e cheguei a algumas conclusões sobre o porquê dessa guerra estúpida. A primeira é que quanto mais uma igreja cresce, mais ela desperta inveja em outras. O desejo de ser maior, de sentar ao lado direito de Jesus, gera pesar pela prosperidade ou alegria da outra, mesmo que essa outra defenda os mesmos valores e siga a mesma Pessoa. Uma igreja que cresce aparece, amplia templos, membresia, pastores, receitas e ações ministeriais. Isso arregala os olhos verdes do ciúme.

Outra razão que separa as igrejas é a síndrome da superioridade. É a mania de considerar-se melhor, mais pura, mais reverente, mais fervorosa, mais aconchegante, mais comprometida, mais verdadeira, mais santa. Chamo essa postura de síndrome, porque tais grupos apresentam sintomas que caracterizam uma doença na alma: Egocentrismo, extremismo, fundamentalismo e exclusivismo são algumas das psicoses que arruínam a comunhão.

Uma terceira explicação pode ser encontrada no conflito pessoal entre os líderes. Aqui envolve guerra de vaidades, raízes de amargura e jogo de intrigas que contaminam os liderados e alimenta de antipatias os novos. Problemas de relacionamento entre pastores e líderes que ultrapassam as fronteiras pessoais e se espalham pelos átrios do templo.

Não sou ecumênico, não prego a existência de uma única denominação, não apoio heresias nem negocio minha fé. E é claro que precisamos nos afastar e até combater os que pregam heresias. No entanto, minha convicção não dá o direito de semear discórdias nem de torcer pela desgraça de um grupo que considero parte da mesma família. O “fogo amigo” deve ser uma fatalidade, não uma estratégia.

Irmãos contra irmãos. Que idiotice! Que insensatez! Exércitos aliados destruindo uns aos outros, enquanto o inimigo ceifa almas e se diverte com o enredo. Creio que se trabalharmos juntos, poderemos fazer mais em favor do Reino e do Rei. Quando isso não for possível, respeitemos o campo alheio e oremos para que Deus continue usando a Sua Igreja para iluminar o mundo na guerra contra as trevas.
Pr. Alex Gadelha.

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