Caçadores de Emoções


Entre as multidões que seguiam Jesus, muitos estavam interessados no que Ele poderia fazer e não em Quem era. Alguns o apertavam porque estavam ansiosos para usufruir sua eficácia curadora ou testificar sinais espetaculares. Enxergavam nEle a possibilidade de se libertar de males físicos e de opressões demoníacas que tolhiam a alegria de viver. E Jesus, movido de compaixão, curava a todos (Mt. 4:24).


Entretanto, após o episódio da primeira multiplicação dos pães e dos peixes, o Senhor lançou-lhes em rosto o motivo de o seguirem: “... vós me procurais não porque vistes sinais (messiânicos), mas porque comestes dos pães e vos fartastes” (Jo. 6:26). O imediatismo por satisfação fazia com que não percebessem a Pessoa e Missão do Mestre. No seu ministério de três anos e meio, os discursos de Jesus ficaram cada vez mais exigentes. Apelava aos que o seguiam para tomarem cada um a sua cruz, negarem a si mesmos, repartirem suas posses, comerem sua carne e beberem o seu sangue. O resultado: muitos o abandonaram.


Hoje, o objeto de consumo das multidões tomou novas dimensões. Agora, a cura e a prosperidade não são suficientes. Agora, os mais exigentes também querem experimentar sensações de transcendência. Assim como Tomé, querem “sentir Deus”. Quanto maior o êxtase, melhor a igreja. Caso a comunidade não proporcione isto, logo é estigmatizada de “fria”, “parada”, sem “unção”. Abandonam a congregação por motivos egocentricamente egoístas.


Tais aventureiros “pulam” de igreja em igreja, deixando para trás um rasto que evidencia um perfil de descompromisso com o Reino de Deus:


- O culto é substituído por qualquer evento que anime seus corações ou aumente a produção de adrenalina;


- Fidelidade financeira não faz parte da relação com a igreja que freqüentam. O seu dinheiro é facilmente investido em viagens, retiros e programações de lazer. Constância em dízimos e ofertas, contribuição para projetos e missões, não estão no seu “modus operandi” (maneira contínua de agir);


- São preguiçosos e indiferentes quanto ao estudo da Bíblia. Conhecimento espiritual exige disciplina, demanda esforço e até dor. Dor de ter o caráter confrontado com a verdade, mudanças exigidas, responsabilidade de aplicar o que se está descobrindo;


- E quanto ao serviço? Preferem ser servidos. Na contramão do ensino de Jesus. Esforçam-se apenas por aquilo que gera prazer.


- A área de relacionamentos é a parte mais delicada. O caçador de emoções será seu amigo enquanto estiver agradando-o. Caso não satisfaça todas as suas reivindicações, pode-se passar facilmente de amigo a inimigo. As mudanças de humor são repentinas, inesperadas. Ora somos as melhores pessoas do mundo, ora somos as mais desprezíveis.


É importante observar que tais pessoas se fecham em si, erguem muralhas pessoais, não se deixam conhecer nem se tratar. Alguns mentem, escondem-se por trás de uma falsa espiritualidade ou hipocrisia inconsciente.


O papel dos crentes maduros é fazer com que os caçadores de emoções mudem o foco de suas aspirações e desenvolvam amor à Verdade. Ao invés de sensações, a convicção de está no Caminho certo. Ao invés de louvores intimistas, aqueles com conteúdos coerentes com a revelação escrita e que despertam na mente a grandeza de Deus. Ao invés de líderes que aliciam o eu, precisam de pastores que confrontem o pecado e reparem as suas deficiências na fé.


Jesus disse que Deus é quem procura adoradores. Pessoas que o adorem em espírito e em verdade. Que os caçadores de emoções parem de procurar sensações e se deixem serem encontrados por Deus, adorando da forma como Ele quer. Que nossas emoções estejam a serviço do culto racional.


Pr. Alex Gadelha.

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