Lembre o Sacrifício
Jerusalém, sexta-feira, três horas da tarde. Trevas cobrem o Gólgota – o “Lugar da Caveira”, onde eram crucificados os cidadãos não-romanos que cometiam crimes de pena capital. A crucificação era uma forma humilhante, vergonhosa e horrível de morte, pois o crucificado ficava nu, abandonado a céu aberto, sangrando suspiros de morte. O local era estratégico, ficava à entrada da cidade e qualquer transeunte poderia ver os corpos crucificados durante dias. Os romanos humilhavam os condenados com o propósito de inibir qualquer transtorno à paz romana.
Desde o meio-dia três homens estão pendurados. Dois deles cometeram um grave crime e mereciam estar ali. O do meio foi condenado injustamente. Uma multidão está a observar o espetáculo: Alguns curiosos, outros vingativos e ainda outros esperançosos. Muitos que presenciavam aquele momento conheciam um dos crucificados. Foi Ele que com seu amor transformou suas vidas, com o seu toque os curou, com sua palavra libertou-os da opressão demoníaca, até mesmo devolveu-lhes a vida estando mortos. Em suas mentes havia um misto de confusão e de esperança. O que haveria de acontecer? Ele desceria da cruz?
Entre as cruzes pode-se escutar uma conversa ofegante. O da esquerda fala em um tom de zombaria e é repreendido pelo da direita, que faz um pedido àquele que estava no centro das atenções e das cruzes: “Lembra-te de mim!”. A resposta é como bálsamo que alivia a dor dos pregos cravados em seus pulsos: “Hoje estarás comigo no paraíso”. Mas a cruz é mais asfixiante para quem têm seu corpo cheio de hematomas, sua cabeça perfurada por espinhos, a face deformada, costas lapidadas por pedaços de chumbo e uma infecção generalizada espalhando-se por dentro. O sangue escorre pelo madeiro. De repente, um grito corta o silêncio: “Pai, perdoa-lhes!”. O povo estava ali e a tudo observava. Outro gemido é vindo do monte: “Deus meu, Deus meu, porque me desamparastes?”. Lágrimas caem dos olhos daqueles que o acompanharam durante três anos. Sua garganta está seca, em sua língua não há saliva, a cada segundo sua respiração esvaece. Com um sussurro diz: “Tenho sede”. Um soldado mergulha uma esponja em bebida ácida e amarga, fixa-a num caniço de hissopo e conduz até a sua boca. Jesus tomou o vinagre e disse: “Está consumado! Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!”. E inclinando a cabeça, expirou.
Quem procurar vivenciar o sacrifício de Jesus vai sentir o coração apertado e a alma extasiada por tanto sofrimento e amor. Vai poder entender as várias expressões da profecia de Isaías 53 sobre o sofrimento vicário do Messias, o clamor do Filho pelo amparo do Pai e o porquê do abandono. Jesus estava levando sobre si todo o pecado da humanidade (1ª Jo. 2:2). Não podia ser diferente, “ele foi moído pelas nossas transgressões” (Is. 53:5). Para satisfazer a Deus, foi necessário todo este suplício e sacrifício de sangue.
Diante do maior ato de amor realizado na face da terra, qual será nossa resposta? Infelizmente, muitos que dizem seus seguidores desprezam seu amor quando vivem de forma medíocre e ingrata. Outros o rejeitam explicitamente, não crêem e blasfemam contra Alguém que hoje é Salvador, mas que um Dia desembainhará sua espada de Justiça.
Meu desejo e minha oração para quem lê esta reflexão é para que exeperimente a convicção do amor do Cristo. Que um dia, após entregar-se por inteiro ao Salvador, possa ter a mesma convicção do apóstolo Paulo e estar pronto “não só para ser preso, mas até para morrer pelo nome do Senhor Jesus” (At. 21:13). Que tenha o intenso desejo de ser fiel em todas as circunstâncias da vida, a ponto de oferecer a si mesmo pelo sublime nome de Jesus. Sabendo que ninguém pode agradecê-lo na mesma proporção de sua graça.
Pr. Alex Gadelha
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