Por que o aborto é um assunto tão importante?

 


Para cristãos que têm a Bíblia como única regra de fé e prática

 

          Em um tempo onde assuntos éticos e morais são critérios para a escolha de representantes políticos, o tema aborto se destaca. E por que isso acontece? Uma das razões consiste no fato de nosso país ter o cristianismo como religião predominante. Os cristãos, em sua grande maioria, compreendem o início da vida a partir da união entre espermatozoide e óvulo, composição que forma a primeira célula de uma pessoa, uma constituição única!

A cultura cristã influencia profundamente instituições e ritos ocidentais, por isso não é difícil enxergá-la nas práticas sociais que nos cercam. Desde a concepção ao luto, da infância a velhice, princípios bíblicos comunicam padrões divinos para o comportamento individual (amor ao próximo), para o casamento (união monogâmica, heterossexual, indissolúvel), a relação com os filhos (educação, provisão e proteção), com os pais e idosos (respeito, honra e cuidado) e para com o Estado (obediência limitada pela Lei Divina). Nossas concepções sobre liberdade, privacidade, propriedade, justiça e vida advêm de verdades reveladas e impressas no coração, ou seja, direitos e deveres incorporados por Deus à consciência humana (Rm. 2:15). E apesar de todo o desenvolvimento tecnológico e das transformações sociais produzidas, tais direitos permanecem imutáveis e defendidos por aqueles que tem a fé em Jesus como fundamento de sua existência.

Na cosmovisão cristã, abortar equivale a assassinar uma pessoa vulnerável e sem culpa. A ideia de que a vida inocente deve ser preservada está presente na Bíblia, a Palavra de Deus. O sexto mandamento registra o imperativo: “Não assassinarás” (Ex. 20:13). Ora, somente Deus tem autoridade para permitir ou efetuar o fim de uma vida (Ex. 32:39). No caso do aborto, o verso mais claro que trata do assunto é o registrado no livro de Êxodo, capítulo 21: 22 a 25., onde está escrito: "Se homens brigarem e ferirem uma mulher grávida, e ela der à luz prematuramente, não havendo, porém, nenhum dano sério, o ofensor pagará a indenização que o marido daquela mulher exigir, conforme a determinação dos juízes. Mas, se houver danos graves, a pena será vida por vida, olho por olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé, queimadura por queimadura, ferida por ferida, contusão por contusão." (Ex 21.22-25, NVI). Perceba que a vida no ventre é tão preciosa aos olhos divinos a ponto de aquele que provocasse prematuridade, sem danos sérios, pagar indenização; e caso houvesse danos graves, a vida de quem provocou o aborto poderia ser demandada como forma de punição pelo crime.

          Outro texto que nos esclarece sobre o valor da vida intrauterina é o salmo 139, um cântico de exaltação à onisciência Divina. Nele, Davi expressa a compreensão de que o Criador age na história de uma pessoa desde o ventre materno, mesmo quando o corpo é apenas uma “substância informe”. Nessa poesia, o rei de Israel mostra o Criador como Aquele que teceu suas entranhas desde o ventre materno (vs. 13-16), uma relação ocorrida anterior ao parto, ainda na formação dos órgãos. A história de Davi e de outros como Isaias (Is. 49:1), Jeremias (Jr 1.5), João Batista (Lc. 1: 14, 15, 41), Paulo (Gl. 1:15) e do próprio Jesus (Lc. 1:31), são contadas na Bíblia considerando o ventre materno como ponto de partida, um tempo e espaço onde tais pessoas já são escolhidas e amadas por Deus, assim como naturalmente pais anseiam segurar em seus braços o filho que ainda se desenvolve no interior da mãe.

O filho que está no ventre materno, independente de quanto tempo esteja lá, existe! É uma pessoa amada e esperada. A fé nos faz entender que Deus trabalha durante todo o desenvolvimento do ser de uma pessoa e não somente em determinado período de sua existência. Interromper ou descontinuar o processo de desenvolvimento de uma vida é assassiná-la, portanto, fere o mandamento do Senhor que visa não apenas a preservação, mas também a valorização da vida humana. Por que o Criador atribui tanta relevância a continuidade da espécie humana? Porque Ele ama a si mesmo e a tudo o que criou. E dentre toda a Criação, o homem foi a única criatura a quem foi dito ter sido feita à sua imagem e semelhança (Gn. 1:26-28). Podemos dizer então que amamos a pureza de uma vida inocente, porque amamos ao Deus que a concebeu e continua a se expressar em seus tecidos.

Mas por que as pessoas abortam? Porque não controlaram seus instintos sexuais; por não aceitarem a saúde do feto e temerem “anular” seus projetos pessoais; porque engravidaram como resultado de uma relação forçada; porque a vida da mãe estava em risco; por questões biológicas naturais. Percebam que existem motivos egoístas como o primeiro e o segundo; traumáticos, como o da terceira situação; e lícitos, quando envolve a necessidade de preservar a vida progenitora. A situação mais delicada é a segunda, quando há o crime de estupro. Não há dúvidas sobre a dificuldade em tal circunstância, mas não considero a interrupção da vida como solução. O trauma não será anulado, talvez seja ampliado, porque uma criança inocente será morta e ainda a fertilidade da mãe poderá sofrer danos decorrentes de procedimentos tão invasivos.

Como cristão, creio na força miraculosa do perdão, no Deus que é capaz de transformar um “mal” em uma bênção para outras famílias (adoção) ou até mesmo para a própria mãe. É uma decisão envolvida de muita dor, sofrimento e tristeza, mas inescapável e intransferível, pois de acordo com a sabedoria divina cada um prestará contas das escolhas feitas debaixo do céu (Ec.12:14).

Nessa discussão, cabe digredir um pouco para considerar os filhos que não foram frutos de abuso, mas que infelizmente são “abortados” fora do ventre. Estes são abandonados em sua educação e provisão ou têm ignorada sua segurança em ambientes virtuais. Muitas dessas crianças e adolescentes padecem na dependência por jogos, no vício em pornografia e ainda tomam como referência influenciadores digitais que pouco acrescentam ao seu desenvolvimento intelectual. Infelizmente, o “aborto pós parto” tem produzido uma infância adoecida fisica (obesidade, miopia), emocional (ansiedade, insônia) e espiritual (relativismo, ateísmo).

Mas o que dizer a quem praticou o aborto? Sempre haverá perdão Divino para pessoas verdadeiramente arrependidas! Não existe pecado que o Deus de misericórdia, justiça e paz não perdoe, exceto a incredulidade que rejeita a Sua vontade. Além de perdão, a Bíblia nos fala de um Salvador que trabalha na santificação de nossos pensamentos, sentimentos e vontade, poderoso para jogar no mar de esquecimento nossos erros e fazer-nos novas criaturas pelo amor devotado a Jesus Cristo. O Messias está vivo e continua curando corações!

Por fim, creio que para um cristão que afirma crer na Bíblia como única regra de fé e prática, a defesa da preservação da vida no ventre deve continuar como critério na escolha do seu candidato. O aborto é questão de saúde pública somente para quem não o considera como problema moral e, sobretudo, espiritual. Mas, para quem o entende como pecado, é ato perverso contra um ser inocente e indefeso, sobretudo, contra a santidade dAquele que é  Autor e Senhor da vida.

                                                                                             Pr. Alex Gadelha.

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