PAIXÃO POLÍTICA: A PIOR DAS IDOLATRIAS
Paixão política é veneração a um candidato,
partido ou ideologia, acompanhada por um sentimento que subjuga a consciência a
ponto de sacrificar relacionamentos, finanças e princípios como liberdade, fraternidade
e, sobretudo, a verdade. Quem está adoecido por esse mal tem plena convicção de
que seu candidato há de cumprir todas as promessas proferidas, principalmente
aquelas que envolvem uma vida melhor, com “comida na mesa” e “dinheiro no bolso”.
Pessoas assim sofrem emocionalmente quando encontram outras que até anseiam as
mesmas coisas, mas por caminhos divergentes.
Esse desejo
inconsequente sabota a pluralidade de ideias e torna eleitores reféns de bolhas
identitárias, impedindo a coexistência entre visões de mundo diferentes. O
militante partidário “abraça a causa” faz do seu partido a razão de sua existência,
investindo tempo e recursos em um projeto que garanta a vitória do seu
“salvador” e a permanência de sua ideologia no topo do poder temporário. Infelizmente,
por negligenciar questões essenciais (Deus, casamento, filhos, família, amigos),
no chegar de seu ocaso da vida, descobre que correu atrás do vento durante seus
poucos dias debaixo do sol.
A
paixão política é idolatria porque alimenta o culto a uma personalidade, um
homem sustentado por ideias e discursos modelados pelo interesse de conquista e
permanência no poder. Quem transfere sua fé para um “deus político” é incapaz
de reconhecer, criticar ou rejeitar seus erros. Ainda que se apresente provas
de incompetência ou de corrupção, para quem está arrebatado por expectativas
positivas, tudo não passará de mentiras, intriga ou algo de menor relevância. Não
se consegue enxergar o político apenas como um simples representante que em
alguns anos será substituído e esquecido.
Na
perspectiva bíblica, o ídolo é entendido como todo objeto de adoração colocado
como substituto de Deus (Ex. 20:3). É abominação (Dt. 7:25 e 26). No Salmo 115,
Davi faz uma imprecação contra os que abandonam ao Deus bom e fiel para servir
a imagens, inclusive humanas. Após descrever a inércia dos deuses pagãos, o
salmista explica o resultado de quem os faz e os adora: tornem-se tolos como
eles (Sl. 115:8). Ora, em certa medida, o apaixonado político se vê na pessoa
que vota. Para ele, não importa inteligência dos projetos ou sistema de valores
do candidato, o essencial é o “jeito dele ser”, a sua venerável imagem.
Os ídolos políticos talvez sejam mais danosos do que os
religiosos, porque além de desviarem os olhos de Deus, alimentam uma esperança
de felicidade em termos terrenos. E todo cristão “bereiano” sabe que enquanto
estivermos nesse corpo corruptível, gemeremos ansiando a cidade santa, a pátria
celestial, o trono de Jesus. Até lá, cabe-nos escolher governantes que nos
deixem em paz, que não nos impeçam de cumprir a grande comissão (Mt. 28:19, 20).
Pagaremo-lhes impostos, reconheceremos sua posição de autoridade (Rm. 13.5-7) e
até podemos servi-los como o fizeram José, Daniel e Neemias, mas nunca oraremos
em seu nome nem prestaremos culto à sua imagem.
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