Amar a verdade e promover a mentira?
O ser humano mente. E isso
independe de idade, sexo, condição financeira, nível educacional ou religião. É
uma verdade absoluta! A diferença está na constância e nas motivações pelas
quais fazem isso. Enquanto para alguns mentir é um hábito, uma estratégia de
vida, para outros consiste em um pecado que exige confissão humilde e
arrependimento sincero, um erro a ser corrigido. Alguns mentem com criatividade
maquiavélica, outros de maneira estúpida, revelando facilmente a perfídia de
seu caráter. Existem os que dissimulam ou omitem, e os que vomitam inverdades
com frieza aterrorizante. Todos mentem. É um fato penoso, mas necessário de ser
reconhecido para não se tornar vítima nem algoz dos outros ou de si mesmo.
Mas porque as pessoas mentem?
Jesus referiu-se ao diabo como o pai da mentira, o primeiro a infectar com
perversidade a criação de Deus (Jo. 8:44). Nas Escrituras está registrado que
ele seduziu uma terça parte dos anjos (Ap. 12:3-9), astuciando subir “às
alturas das nuvens” e ser “semelhante ao Altíssimo” (Is. 14:14). No Éden, o
anjo rebelde se travestiu em serpente e distorceu tanto a ordem como a
consequência pronunciadas por Deus a Adão e Eva, caso desobedecessem ao
mandamento. A eles era permitido comer de toda a árvore que estava no jardim,
exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois se consumissem do seu
fruto, tal ato os levaria a separação de Deus e a morte. Mas Satanás pôs em
dúvida o mandamento, distorcendo a autorização divina: “É assim que Deus disse:
Não comereis de toda árvore do jardim?"(Gn. 3:1). Após isso, plantou sua
primeira semente maligna: “É certo que não morrereis "(3:4). Assim, negou
a consequência do pecado; fez o primeiro mexerico da história entre o casal e o
seu Criador; e por fim, despertou-lhes a cobiça de serem como Deus: “Porque
Deus sabe que no dia em que dele comerdes se vos abrirão os olhos e, como Deus,
sereis conhecedores do bem e do mal” (Gn. 3:5). A aceitação da mentira
fizera-os cair em maldição, trazendo consequências drásticas sobre toda a terra
e história humana (Rm. 5:12).
Esta semente do mal continua no
coração dos homens. A satisfação de interesses egoístas, a vaidade e o orgulho
permanecem como motivações espúrias que a fazem brotar e produzir frutos
mortais. A mentira é a arma preferida para persuadir outros a satisfazerem as
vontades de quem a diz, bem como para se safar das consequências dos erros ou
causar danos a que é considerado inimigo. Ela é a mãe dos crimes contra a
honra: da calúnia, da difamação e da injúria. É praticada pela boca e pelas
mãos, na distorção dos fatos e na agressão ao caráter de quem se odeia.
Praticá-la contra os outros é uma atitude assassina, pois destrói reputações,
separa amigos, põe fim a famílias e interrompe carreiras de sucesso. É também
um suicídio, porque azeda a alma, adoece o corpo, condena ao medo de “ser
descoberto” e ser punido na solitária de uma vida sem credibilidade.
A mentira é a arma preferida dos
muitos políticos corruptos, cujos corações ambicionam “subir aos mais altos
céus” a fim de se perpetuarem no poder. É fácil pegar um desses políticos na
mentira, tanto antes como depois da contagem dos votos. Primeiro mente-se para
falsear glória a si mesmo e difamar o caráter do adversário, colando pechas a
sua imagem, criando factoides, incitando a rejeição; depois mente-se para
justificar alianças, protelar o cumprimento de promessas e terrivelmente para
esconder falcatruas e corrupção.
O preocupante é que tais táticas
produzem replicadores, especialmente em redes sociais. Inclusive gente que se
afirma de “cosmovisão cristã”, se colocando a serviço de mentiras e difamação,
sujeitando-se, consciente ou não, a megafone do diabo. Ora, o apóstolo Paulo
nos ensina que em dias maus, devemos andar com prudência e não na insensatez de
ignorar a vontade do Senhor (Ef. 4:15-17). Ele declara que “cada um deve
abandonar a mentira e falar a verdade ao seu próximo.” (Ef. 4.25). Já o sábio
Salomão escreveu que “os lábios mentirosos são abomináveis ao SENHOR, mas os
que agem fielmente são o seu prazer” (Pv. 12:22). A Palavra é clara e direta ao
afirmar que os que praticam a mentira são filhos do diabo (Jo. 8:33-47) e a
parte que lhes cabe é o lago que arde com fogo e enxofre (Ap. 21:8).
Quem se admite cristão,
implica-se por ser diligente defensor da fé que uma vez por todas foi entregue
aos santos (Jd. 3). É uma batalha vivida em amor, do tipo que “não se alegra
com a injustiça, mas regozija-se na verdade” (1ª Co. 13:6). Quem ama se esforça em não colocar como prioridade os
próprios interesses, antes, direciona suas decisões para o Reino de Deus e seus
valores (Mt. 6:33). Dizer e viver a verdade com os outros e consigo mesmo é
praticar o cristianismo na sua forma mais autêntica.
Comentários