Uma palavra aos cristãos sobre a Eleição Presidencial: Em quem podemos apostar?



Não existem incorruptos na política. Todos são inclinados a satisfazerem suas próprias vontades ou a se amalgamarem aos interesses de seu grupo, partido ou ideologia. Isso se explica na natureza humana corrompida pelo pecado, decaída, visceral. Como está escrito: “não há um justo, nem sequer um” (Rm. 3:10). No fundo, os belos discursos eleitorais são retóricos e escondem diferentes níveis de interesses pelo poder. A cada pleito, o político brasileiro reforça a comum prática de apresentar propostas sedutoras, algumas utópicas, outras suscetíveis ao esquecimento, para somente depois de eleito manifestar suas verdadeiras intenções. Alguns até se esforçam em inovar nas estratégias de campanha, mas quando adentram as portas dos palácios poucos resistem às iguarias do rei ou conseguem romper com essa estrutura corrompida.
E quando se pondera sobre o contextual atual, é perceptível o jogo sujo no tabuleiro da política brasileira, desde os mais altos escalões aos cabos eleitorais favorecidos ou apaixonados. A implantação da cultura da difamação e da calúnia é uma estratégia que se repete. Existe uma fábrica de mentiras que inocentes úteis replicam, como se a maledicência contra um candidato a cargo público não fosse pecado contra os homens e contra Deus. Outros farejam o histórico de vida dos “adversários” como uma hiena a procura de sangue e carniça. Seguindo bem os rastros, sempre se encontrá deméritos, seja no histórico moral, familiar, econômico e, especialmente, político. Acreditar que exista candidato com a alma limpa neste pleito presidencial é ingenuidade. Trapos de imundície evidenciam-se, ora em discursos extremistas, ora em projetos de dominação e escândalos imensuráveis de corrupção. Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus (Rm. 3:23). Mas ainda há esperança: o arrependimento. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv. 28:13).
A estigmatização tem sido outra manobra ardilosa presente nas redes sociais e em conversas informais. Estigmatizar é generalizar o caráter de uma pessoa com base em uma ideia ou posição defendida. É afirmar que “evangélico vota somente em evangélico”, “professor em professor”, “mulher em mulher”, “negro em negro”, “índio em índio” e quem fugir dessa lógica imposta é porque não tem caráter, inteligência ou fé. Alguns até reproduzem rótulos ofensivos por estarem seduzidos pelo encanto de correntes políticas, ideologias e projetos nefastos que alimentam partidos e candidatos. Essa reprodução é o resultado da doutrinação que acontece de forma sutil ou escancarada, promovida por militantes em diferentes esferas, especialmente midiática e educacional. E quanto àqueles que conscientemente, mesmo se dizendo cristãos, apoiam correntes de pensamentos ofensivas a fé? Que o Espírito Santo os convença do pecado, da justiça e do juízo. Que haja amor para com os confusos e neófitos no Caminho.
Apenas a tomada de consciência de todo esse jogo evitará o cristão de cultuar ídolos e fabricar mitos. A história mostra que nunca foi prudente nem espiritual ter candidatos ou partidos de estimação, de maneira a ignorar distorções e falcatruas. Nunca foi sábio fazer de uma figura meramente humana fonte de felicidade. Como pregava o profeta Jeremias: “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do SENHOR!" (17:5). Nenhum cristão se verá representado em um sujeito que se aconselha docilmente com um julgado, condenado e preso devido ao maior esquema de corrupção brasileira, nem em outro com um histórico de discursos radicais e ofensivos a diferentes classes. “Bendito o homem que confia no Senhor, e cuja confiança é o Senhor” (Jr. 17:7).
E agora, como viveremos? Ficaremos isentos, passivos, inertes? Definitivamente não! A nossa dupla cidadania implica em escolhas para este mundo. Estas não devem ser guiadas nem alimentadas pelo culto à personalidade de ninguém, mas sim por valores que se aproximam dos princípios do Reino. E é óbvio que neste pleito não encontraremos quem encarne plenamente as verdades bíblicas e doutrinas cristãs. Teremos então de apostar em um projeto de governo que aponte para a liberdade religiosa, para a preservação da tradição que fundamenta nossa visão de mundo e para a possibilidade do novo, algo que rompa com esse histórico vergonhoso de crimes contra o patrimônio público.
Ao cristão não cabe impor seus valores, apenas comunicá-los e defendê-los. A ação de persuasão é do próprio Deus. Mas vale mencionar a incoerência para um discípulo de Jesus de apoiar partidos sustentados pela doutrina marxista-socialista-comunista ou trabalhar para candidatos cujas flâmulas mancham os céus com a defesa do aborto, da ideologia de gênero, da liberação da maconha, da desconstrução da família tradicional e do fomento ao ateísmo. O marxismo e o cristianismo são autoexcludentes, nas palavras de Augustus Nicodemos “são água e óleo”, pois enquanto um está fundamentado exclusivamente na graça de Jesus, o outro promove uma revolução antropocêntrica pela luta de classes e até pela guerra sangrenta. Paulo já exortava: “Tende cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo e não segundo Cristo” (Cl 2.8).
No contexto que vivemos, o que é existe é uma guerra ideológica de partidos esquerdistas contra um candidato conservador de direita. E diante de um quadro tão polarizado, não seria inteligente optar por um nome que está fora do páreo e desperdiçar a esperança de experimentar algo diferente neste país.
Dada essa conjuntura, como cidadão, opto por votar em Jair Messias Bolsonaro. Não porque seja o ideal, mas porque combate bandeiras que a Igreja de Cristo rechaça e defende valores pelos quais zelo. Como disse, é uma aposta, posso perdê-la e posteriormente combatê-la ou desfrutá-la e honrá-la. E não me atemorizo, pois a minha fonte de vida e satisfação não está em homem algum, mas em Cristo Jesus, o meu Rei, o Nome sobre todo nome. O que não posso, consciente de tudo isso, é continuar votando (como fiz em anos anteriores) em partidos e candidatos com histórico indubitável de corrupção, fracasso na gestão e incontestável degradação de valores que creio, vivo e defendo. Espero em Deus que o nosso Brasil prospere e que o Seu povo viva em paz. Se isso não acontecer, quero ter a leveza na consciência de que busquei não ser cúmplice de obras infrutíferas das trevas, antes, reprovei-as mediante o meu voto (Ef. 5.11).

Alex Gadelha, cristão, cidadão livre, em um país ainda democrático.

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