UMA REFLEXÃO SOBRE A DERROTA DO PT E A ELEIÇÃO DE JAIR MESSIAS BOLSONARO


O PT perdeu para si mesmo. Criou um sistema doutrinário que rotulou ao invés de dialogar. Faltou sensibilidade para perceber que a sociedade brasileira em sua grande maioria é conservadora, porque foi construída sob a égide de princípios cristãos. Ignorou que na democracia, a política é a ciência da governança, mas também a arte de conciliar interesses, com vistas a convivência pacífica e ao bem comum. Sendo assim, cometeu suicídio eleitoral ao fomentar movimentos e discursos que rotulavam de “fundamentalista” ou “intolerante” qualquer que tivesse visão de mundo contrária à sua. As ofensas à liberdade de expressão, crença e culto apenas fermentaram a ojeriza de milhares em cujas mãos estava o poder do voto. E estes acionaram-no para ensinar uma lição clássica: se há preconceito, não se deve combatê-lo com mais preconceito.

O pleito eleitoral mostrou que pessoas tomadas por convicções religiosas são fiéis aquilo que creem como verdades absolutas, mais do que a líderes carismáticos ou partidos políticos. Algumas delas estão dispostas a morrerem pelo que acreditam, independente de benefícios sociais que um governo possa lhes oferecer ou de cargos públicos que lhes garantam estabilidade financeira. E não adianta persegui-las ou continuar a discriminá-las, pois para estes crentes o padecer por causa da fé é uma virtude. Constranger pessoas assim é como oferecer-lhes ferro e cimento para a solidez de sua identidade.

É preciso reconhecer que a escrachada corrupção política e moral do PT, desde os mais altos escalões, revelou ideologias totalitárias, fortaleceu a direita conservadora, polarizou a política brasileira. E não existe programa social que sustente a fome por moralidade do brasileiro, pois mesmo que este viva uma prática incoerente com o discurso, continua a exigir ética e decoro de quem os governa. Este povo observou desconfiado o financiamento e conluio com ditaduras da américa latina e África; se escandalizou com corpos nus marcados por gestos e grafias obscenas em plena rua; assistiu o desrespeito contra símbolos e espaços religiosos; percebeu o aparelhamento e doutrinação ideológica em universidades públicas; acompanhou a investida na desconstrução de conceitos caros à sociedade, como o de família tradicional, heteronormatividade e infância; ouviu juízes, tribunais, instâncias judiciárias e o próprio vice da chapa serem chamados de golpistas; testemunhou a prisão de um ex-presidente, ídolo do partido; viu sua substituta impeachmada; e o candidato indicado a vice aconselhar-se em uma cela de superintendência da polícia federal, para posteriormente escondê-lo de suas propagandas fabricadas com fake news, factoides e chantagem emocional. A reação não poderia ser outra, senão a reprovação com mais de 57 milhões de “nãos”.

No desespero por mudanças, o povo apostou em um sujeito que não tem intelectualidade acadêmica, nem competência gerencial comprovada, mas que soube ler os anseios por segurança e moralidade da população. Um homem impulsivo e falastrão, mas ao mesmo tempo firme e com espírito de liderança, um militar fortalecido após um atentado criminoso. Capaz de abrir mão do fundo partidário e assumir publicamente ignorância a respeito de áreas cruciais a uma administração pública, rejeitando conchavos e defendendo critérios técnicos para a configuração de seu staff. Dentre estes distintivos, sobressaiu-se o seu histórico político de incorruptibilidade, quase que um milagre no contexto da política brasileira. Até as pechas de fascista, nazista, racista, misógino, homofóbico, torturador, “coiso”, “ele não” foram sendo desconstruídas por pessoas dos próprios grupos supostamente odiados, movidas pelo sentimento de proteção a alguém covardemente agredido em sua honra.

Agora, como diz o clichê, “só nos resta esperar”, conscientes de que o mesmo povo que fez propaganda de graça para sua candidatura, no final ou ao meio, poderá aplaudi-lo ou também rejeitá-lo na fiscalização de seu mandato presidencial. Enquanto isso, aos cristãos, cabe o dever de interceder a Deus para que derrame saúde, sabedoria e paz sobre sua vida e sobre a nação da qual foi escolhido chefe maior.

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