“Deixando as coisas de menino...”



1ª Co. 13:11

      O apóstolo Paulo, homem culto e inspirado, usou a metáfora do desenvolvimento biológico e psíquico para exortar aos crentes de Corinto sobre a necessidade de crescer espiritualmente. No capítulo três, considerou-os como crianças em Cristo, porque não tinham desenvolvido a salvação, mas estagnaram-se em práticas infantis: Eram ciumentos e contenciosos, usavam os dons como forma de autopromoção, lutavam por status, havia queixas, discussões sobre alimentos, irresponsabilidade moral, espírito vingativo, precipitação e egoísmo.

         O capítulo 13 da mesma carta mostra o caminho da maturidade. De forma clara e objetiva Paulo definiu a importância e os frutos do amor: paciência, benignidade, confiança, humildade, bom senso, generosidade, mansidão, perdão, justiça, verdade, firmeza e eternidade.

Amar como Jesus amou é o foco da maturidade cristã.

          No verso 11, o apóstolo incita à reflexão através do amadurecimento natural que todos nós experimentamos: a transição da infância à fase adulta. Da mesma forma que a criança cresce e deixa suas práticas infantis, assim também deve o cristão crescer espiritualmente e abandonar aquelas atitudes que refletem imaturidade. Ele explica que quando era menino se comportava como menino, mas quando atingiu a maioridade, desistiu de agir como menino, agora deveria falar, sentir e pensar como homem.

           Estas três faculdades destacadas podem ajudar a avaliar o nosso nível de amadurecimento pessoal-espiritual:
  • “Falava como menino...” – As palavras de uma criança de modo geral são precipitadas e sem conteúdo. É natural que as crianças falam de maneira repetitiva e atribuam demasiada importância a temas triviais.

  • “Sentia como menino...” – Crianças são susceptíveis, criam birras com facilidade, seus sentimentos dominam suas ações. Quando contrariadas, se comportam com intolerância. Raramente aceitam o “não” como resposta, ficam zangadas ou condoendo-se por dentro.  São vingativas, revidam à agressividade através do choro, gritos, tapas etc. Nesta fase existe uma ausência de domínio próprio acentuada, porque agem motivadas por paixões.

  • “Pensava como menino...” – Os primeiros anos de nossa existência são caracterizados pela assimilação de informações que vão garantir a sobrevivência e formação de nosso caráter. É neste período que idéias, crenças e valores são internalizados, por isso, não são estranhos em uma criança pensamentos superficiais e ingênuos sobre si mesmo, as pessoas e o mundo. No entanto, na fase adulta, exige-se pensamentos que demonstrem experiência e conteúdo. Tratando-se de vida espiritual, espera-se que o cristão desenvolva pensamentos virtuosos, centrados nas coisas do alto e não daqui da terra (Fl. 4:8; Cl. 3:2). Deus nos chama à transformação a partir da renovação de nossas mentes (Rm. 12:2), como também ao cultivo da mente de Cristo em nosso cotidiano (1ª Co. 2:16, Fl. 4:8).

    “Quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino”. Ao atingir a varonilidade, espera-se que um homem fale, sinta e pense de forma organizada, consistente e adulta. A tolice infantil deve ser substituída pela consistência no discurso; em lugar de precipitações, o domínio próprio; a verborragia precisa ceder espaço à palavras de conteúdo e edificação; o orgulho, vencido pela humildade.

     Enquanto se é menino, a sociedade tolera as coisas de menino, mas um adulto-infantil não é encarado com bons olhos. Homens se comportando como crianças causam desconforto e intolerância.

    Mas, para alguns, continuar “menino” traz supostos benefícios como ausência de responsabilidades, satisfação das vontades, cuidados especiais, proteção paterna etc. “Deixar” ou “desistir” das coisas de menino, envolve disposição para se desatrelar das comodidades da infância. “Crescer dói”, por isso poucos se esforçam em buscar a formação de um caráter sério e adulto. As pessoas têm medo de mudanças, principalmente das que exigem a saída do oásis do lar para as escaldantes areias do mundo. Agindo assim, semeiam uma personalidade acomodada, inoperante e covarde.

    A Igreja e o mundo precisam de “homens” que decidam resolutamente abandonar as coisas de menino.

Pr. Alex Gadelha

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