Deus Nunca Deixou de Falar
No início, havia uma íntima comunhão entre Deus e o homem. Adão e Eva ouviam a voz do Criador de bom grado, de forma clara, sem mediadores. Após a queda, a intimidade foi quebrada e “quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre as árvores do jardim” (Gn. 3:8). O Senhor estava a “procurar” o homem, tomando a iniciativa da reconciliação: “Onde estás?” Desta vez, a voz do Senhor não gerou segurança em Adão, mas medo. Por quê? Porque o pecado gera medo e nesta situação a tendência humana é esconder-se.
Enquanto o homem procura fugir, Deus revela o seu desejo amoroso de restaurar a comunhão e o bem de sua criação. Neste propósito, Ele passou a usar homens fiéis como megafones de sua vontade: Falou por meio de Noé, de Abraão, Isaque e Jacó, José, Moisés, juizes, reis e profetas. Ainda falou por meio de visões, sonhos, revelações, usou também fenômenos da natureza e até mesmo animais (a jumenta de Balaão, os corvos de Elias, a Baleia de Jonas, os leões de Daniel). Muitos dos profetas tiveram a incumbência de deixar registrados em pergaminhos os fatos que presenciaram e aqueles que foram dados por meio sobrenatural. Deste registro escrito, formou-se o Velho Testamento ou a Antiga Aliança, contendo 39 livros.
Depois do livro de Malaquias, o último dos mensageiros da Lei, Deus calou-se, no sentido de não levantar nenhum profeta para falar diretamente ao povo. Foram cerca de quatrocentos anos de silêncio profético. Durante este período, o povo de Israel esteve nas mãos de nações pagãs, algumas, como a Síria, impuseram suas crenças, outras toleravam o judaísmo, como foi o caso do Império Romano. Com a vinda do Messias, o Senhor nunca esteve tão próximo do homem em toda a história. Jesus, Deus encarnado, falava as palavras que o Pai havia ensinado (Jo. 8:28). Era Deus falando com o homem face a face, olho no olho. Mesmo assim, os corações endurecidos resistiram em aceitar as verdades que Jesus ensinava. Como Adão, esconderam-se por trás da agressividade, da indiferença e até mesmo da covardia. Em Jesus, Deus falou não apenas de seu amor, mas também de sua justiça e sua ira contra aqueles que se mantêm rebeldes ao evangelho (Jo. 3:36).
Após a ascensão do Senhor e o amadurecimento da Igreja, Deus tornou a usar o método do registro escrito para falar aos homens. Então, inspirando cerca de 10 escritores, deixou sua Nova Aliança impressa em 27 livros. Além dos quatro evangelhos, o Novo Testamento é composto de um livro histórico (Atos dos Apóstolos), 21 epístolas e um livro profético (Apocalipse). A conclusão da Antiga e Nova Aliança, aconteceu num período de 1.600 anos, formando o cânon de 66 livros, a Bíblia tal como a conhecemos hoje.
“Pode se dizer que jamais outro livro foi tão amado e ao mesmo tempo tão odiado quanto a Bíblia!”. Ela é a voz de Deus escrita por homens santos, ao acesso de toda a humanidade, o principal meio pelo qual Deus fala hoje. Em Hebreus 1:1,2 diz que “havendo Deus, outrora, falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias nos falou pelo Filho...”. Mas como ouvir ao Filho hoje? A resposta Ele mesmo disse: “Examinais as Escrituras, porque cuidais encontrar nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (Jo. 5:39).
Pr. Alex Gadelha
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