Viver o novo em Cristo


A novidade precisa acontecer para nos sentirmos vivos. Não que devamos nos entregar a uma filosofia hedonista que conduz à morte pela lascívia dos olhos, da boca, do corpo. Nem tampouco desprezar rotinas que são recursos existenciais para combatero despropósito na vida. Entretanto, precisamos sair do cercado construído pelas expectativas dos outros, especialmente dos que se acostumaram à mediocridade de uma vida sem convicções, sem causas, sem reflexão, sem interesse por quem está tão próximo e principalmente por Aquele que nos trouxe até aqui.

Jesus foi exemplo de uma vida em novidade. Sua história mostra obediência a Deus e também às autoridades constituídas. Ele também seguiu padrões da cultura, falou a língua nativa, praticou os costumes e até cumpriu rituais religiosos. Mas onde estava o novo, o diferente? Estava na sua mensagem e principalmente na sua maneira de conviver com as pessoas. Conviver é a palavra-chave para entender os seus ensinos, pois compartilhou vida com os outros, doou-se até o último suspiro na cruz, um ato que ainda repercute no coração de seus adoradores. Cristo se fez próximo a pessoas feitas distantes, rompeu preconceitos sem negociar a verdade, não se adaptou ao conveniente, rejeitou a glória humana para tocar em pessoas consideradas “subgentes”, excluídas, discriminadas, rejeitadas.

O novo messiânico estava em um mensagem que falava do poder do perdão e da fraqueza do orgulho; da eficácia do partir o pão em detrimento do entesourar para si mesmo; da força reacionária do não revidar; na espada cortante e transformadora da verdade dita com brandura. A sua novidade estava no amor. Não um amor cego ou romântico, conivente nem possessivo, antes, firmado na compaixão e na misericórdia, aliançado com o entendimento e na justiça que condena a dureza de coração e exalta a conversão, a mudança de rumo como expressão de gratidão a quem nos deu a vida.

Jesus nos chama a sair da famosa zona de conforto para aproximar-se das pessoas com cuidado, respeito e verdade. Ele mostrou o melhor que podemos fazer. Por isso, imitar a Cristo torna a vida dinâmica, preenche-a com situações de aprendizagens que se acumulam, se refazem no tempo, no espaço e fortalecem a alma, o ser, a personalidade e, sobretudo, a fé em Deus.

Cristo deixou claro que o melhor da vida é doar vida. Olhar as pessoas, ser sensível às suas necessidades, ao invés de observar a sua utilidade. Entender a humanidade como imagem e semelhança de Deus, como seres desejados pelo Criador, o qual sempre toma a iniciativa para dar-lhes uma vida melhor. Não melhor em termos mundanos, mas espirituais. Isso significa paz com Deus, segurança de vida eterna, humildade para servir, poder para praticar o bem, sabedoria para tomar decisões, força para resistir aos impropérios do mundo, recursos para amar conforme a fonte mais pura. Viver em novidade é amar como Jesus ama.

O novo em Cristo também implica em negar as velhas essências, ou aquilo que teima pela permanência das coisas como estão e pela continuação em sermos egoístas, vaidosos, gananciosos, presunçosos, ingratos, mais amigos dos prazeres do que de Deus. É preciso nascer de novo, do novo para o novo, refazer o propósito da existência, entendê-la e percorrê-la com os pés de Cristo, como uma peregrinação, um êxodo que nos conduzirá à Canaã Celeste. Até lá, frutos de alegria e graça, paz e paciência, bondade e benevolência, fidelidade, mansidão e domínio próprio devem ser produzidos e compartilhados pelos regenerados na fé no Libertador prometido, já vindo e mais uma vez esperado.


Pr. Alex Gadelha

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